A ESTREIA DO FIM
Arte de Monet
Eu entendo, agora eu entendo essa cisma, não tem nada a ver com algum tipo de “trabalho” que ele possa ter feito pra mim, até porque a religião dele nem permite esses rituais. Agora eu encontrei uma explicação para esse apego de menina que não quer largar o brinquedo favorito. É culpa minha, não dele; essa dependência é o que ele disse certa vez, uma espécie de carência, mas não é falta específica - como ele todo cheio de si pensava ser - é generalizada, é falta de alguém pra amar, é falta de alguém que queira amar, o indefinido disposto a receber um nome.
Eu costumava emendar um relacionamento no outro, ter-me em companhia era quase como a solidão, eu sempre precisei de alguém ao lado, como se quisesse uma afirmação além do espelho; e eu que sempre o critiquei pela vaidade, pude constatar que enxergara até então apenas o defeito alheio.
Ele arredio, ele desconfiado, nunca soube ao certo qual a melhor definição; a mim sempre se mostrou um mistério indecifrável, um desses assuntos que se prefere evitar, e não tem nada a ver com suicídio, ou de repente é parecido, porque ele negava o sentir, o tentar, o próximo passo, e isso é quase como antecipar a morte.
O Sol traz a luz quente que me lembra vida, a felicidade entrando pela janela do quarto, a Lua é o Sol deitado sobre um manto preto, e eu fico pensando, se um dia essa luz apaga? Seria como pôr uma venda nos olhos, como trancar-se na caverna de si e fechar todos as portas de entrada e saída, é como o covarde, é como o vejo.
Outro dia a música fez sentido pra mim, sabe como é? Quando os ouvidos antes distraídos voltam toda a atenção. A letra se encaixou entre o meu nome e o dele “o teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer.”
Eu sei que vai, vai pra nunca mais voltar, já vejo os sinais, a intolerância, a vontade de estar perto e quando está, vontade de se afastar; a confusão do amor quando despeja as últimas gotas.
Ele não vê, eu sei que ele nem faz ideia, ele não sabe que pra bom entendedor um pingo é letra, ele sequer conhece a frase, por isso eu a usei na estreia do fim.
Eu costumava emendar um relacionamento no outro, ter-me em companhia era quase como a solidão, eu sempre precisei de alguém ao lado, como se quisesse uma afirmação além do espelho; e eu que sempre o critiquei pela vaidade, pude constatar que enxergara até então apenas o defeito alheio.
Ele arredio, ele desconfiado, nunca soube ao certo qual a melhor definição; a mim sempre se mostrou um mistério indecifrável, um desses assuntos que se prefere evitar, e não tem nada a ver com suicídio, ou de repente é parecido, porque ele negava o sentir, o tentar, o próximo passo, e isso é quase como antecipar a morte.
O Sol traz a luz quente que me lembra vida, a felicidade entrando pela janela do quarto, a Lua é o Sol deitado sobre um manto preto, e eu fico pensando, se um dia essa luz apaga? Seria como pôr uma venda nos olhos, como trancar-se na caverna de si e fechar todos as portas de entrada e saída, é como o covarde, é como o vejo.
Outro dia a música fez sentido pra mim, sabe como é? Quando os ouvidos antes distraídos voltam toda a atenção. A letra se encaixou entre o meu nome e o dele “o teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer.”
Eu sei que vai, vai pra nunca mais voltar, já vejo os sinais, a intolerância, a vontade de estar perto e quando está, vontade de se afastar; a confusão do amor quando despeja as últimas gotas.
Ele não vê, eu sei que ele nem faz ideia, ele não sabe que pra bom entendedor um pingo é letra, ele sequer conhece a frase, por isso eu a usei na estreia do fim.
Rosemeri Sirnes