sexta-feira, 26 de junho de 2009



Barcellos,


Eu te amo. Eu já havia dito isso antes? Te amo sem a fúria dos amantes, te amo devagar como a única estrada sem fim que eu não temo. Eu te amo simples e cuidadoso, eu te amo sem obscenidade, sem corpo atirado, mas ainda assim, eu te amo recheio de beijos e muitos abraços, e não é a proximidade de uma distância que se impõe que vai afastar o sentimento instituído. Eu te amo escancarado, eu te amo declarado, eu te amo sem fazer o jogo de esconde-esconde de quem tem medo de dizer primeiro. Eu havia lhe dito antes, mas antes está tão longe que vale dar um zoom.
Eu amo esse seu jeito de ter a tua convenção, de caminhar com ouvidos tapados, de transmitir tua parte boa mesmo quando essa é a única parte que tens. Teu sorriso vale uma verdade, é a verdade que eu preciso ter.
Eu te amo arrumadinho como os cristais na mobília, eu te amo organizado demais por isso nunca fora de hora, eu te amo distante e eu te amo na lembrança que surge repentinamente. Eu te amo amigo, eu te amo longo e comprido e eu te amo sempre mais.
Você vai, mas fica o amor tatuado e a estrada sem fim.

Nos vemos nas férias,
Rose

sexta-feira, 12 de junho de 2009

MESMO QUE VOCÊ NÃO VENHA DIA 12...

Eu queria que você viesse a tempo, eu queria que você viesse comigo disposta, apostando todas as fichas na história que há de ser, no tapete retalho que seja, na colcha de cetim que sonhara, na almofada remendada que um ajuste aqui outro lá faria parecer nova. Esse meu querer de qualquer jeito, em hipótese alguma deverá ser confundido com tanto faz, com coisa miúda advinda de qualquer um da esquina. Eu queria você, e isso deveria ser o suficiente para calar tantas desconfianças.
Eu queria nada de repetições, nem truques, coelhos saindo pela cartola, carros de som e rosas atiradas de um helicóptero. Eu queria mesmo no chão, de janelas abertas, eu queria o mordiscar que só você sabe dá e nenhuma dívida no cartão, nem cheque a perder de vista. Eu queria a tua coragem nas mãos, prestes a cair ao dizer eu te amo, a tua insegurança e a tua ansiedade pela resposta exata; não seriam necessários faixas e declarações públicas no outdoor. Eu queria nada além do que podes me dar.
Essa história de dizer que eu escolho demais, de duvidar minha cama vazia e o corpo sem agasalho e coberta, num colchão onde nem se dorme de conchinha; é coisa dessa gente que antecipa e sequer arrisca me puxar pra dançar, que sabe antes de mim das escolhas todas que nem estiveram a meu alcance.
Eu queria que você desse um jeito nessa gente toda que faz coro. Eu queria que você viesse antes, que você viesse no tempo certo que é seu, se não outro passa e me leva os olhos em direção.
Eu queria que você chegasse de surpresa e me pegasse assim sem subterfúgios, sem complicações e precauções.
Eu queria ontem, eu quereria anteontem, e amanhã, depois de hoje, é provável que eu ainda queira, se outro alguém não me quiser mais do que eu te quero agora, e eu me deixe levar.

Rosemeri Sirnes

segunda-feira, 8 de junho de 2009



A sombra da minha terra

A sombra da minha terra. De gramas escassas, de uma curvatura cheia, arredondada e um cabelo esvoaçante, metade preso, outra ao vento; uma imagem como defeito, daqueles que nem a gente enxerga. Eu nunca fui assim e a foto me fez ver a minha sombra, me fez enxergar o que sempre vem atrás, o quem nem eu mesma sei de mim, e foi então que eu descobri que eu nunca me conhecerei por completo, sempre haverá uma parte de mim de enigma que nem mesmo da sombra eu terei a foto.

Rosemeri Sirnes

segunda-feira, 1 de junho de 2009



“Eu gostaria de ser assim firme, homogênea, uniforme, mas sou derretida, malemolente, líquida, o que você toca é a parte de mim que mente.”
Rosemeri Sirnes