Arrasto seu corpo cuidadosamente para que nenhum imprevisto pule de lá, vasculho cadernos, papéis soltos, frases que não terminei, quis ir até o fundo da gaveta; tudo isso, sem permitir brechas de luz, tateando como leitura em braile; de repente meus dedos vieram parar aqui.
domingo, 30 de novembro de 2008
Estou com fome e uma preguiça faminta me consome, um cansaço de fazer quase nada e dor na batata das pernas causada por sucessivas subidas de escada, o espelho anda atuando como meu inimigo, a vaidade em baixa, expondo minhas unhas e cutículas. Estou com sono e é bem provável que não inicie hoje a leitura do Noll. Hoje parece domingo, e é. O domingo pensa que me engana, com essas historinhas pra boi dormir, pensa que me distrai; entendo logo suas armações quando o meu bem diz que amanhã é dia de branco.
Amanhã, tenho certeza, o dia vai me descascar doce e vai me sugar inteira, não só o dia como a semana que já bate os pés no chão como mãe, pronta para me dar uma coça. Partirei agradecida pelo dia de seguinte, aguardando sábado, meu namorado, sei que ele estará pronto com beijo nos lábios, e ainda assim, tardará. Sexta sogra dirá para não me preocupar; amanhã é logo ali, dirá que ele me ama e descansará minhas preocupações antecipadas. Estarei eu, disposta outra vez para novos domingos.
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2 comentários:
Disposta outra vez, disposta sempre. Heim, já me indicaram O Noll. O que você me diz dele? Eu estou lendo agora o argentino Juan José Saer, mais especificamente "o enteado".
Beijo.
Parabens pelo post, muito bem bolado, bem escrito. Gostei daqui.
Maurizio
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