Farto e faminto
O veludo pêssego é o que me aproxima de você. Lembro que todas as manhãs descascava e punha pedaços suficientes para alcançar-te a boca. Sentia como se do meu amor você provasse e com isso viesse acolher-me em seus braços com a mesma fome que tinhas pela fruta preferida.
Pela manhã, durante seu quinto sono, silenciava a minha presença e saía na ponta dos pés; colhia na banca do feirante a primeira safra do teu alimento com minúcia , com exigência. Esquecia-me. Forrava a mesa e servia o teu apetite. Alimentava-me de você. Quando decidistes deixar a mesa sem pedir licença, fiquei na mais completa miséria.
Rosemeri Sirnes
Foto: Nuno Sacramento
Um comentário:
Adorei, teve uma ótimo fecho, A última pedra é fundamental pro poema.
Olha este que amo:
"Preciso ver-te,
como Pégaso que busca o sol,
ainda que tua proximidade me derreta,
pois talvez seja este o meu destino.
Preciso ver-te,
ou serei viajante sem bússola,
carcereiro de mim mesmo,
cego sem horizontes nem auroras.
Preciso ver-te
para que possa encontrar algum sentido
nas coisas e seres que me rodeiam
e que falam de ti como miragem.
Preciso ver-te.
Barco na tempestade, nada temerei
se tu, meu farol intermitente,
me guiares com teu código de luz.
Porque só sei amar às claras,
não vou contentar-me com o obscuro.
O vulto imaginado, sem essência,
acaba se desvanecendo e cria um vazio,
somatório de muitos nadas.
Por tudo isso, preciso ver-te e provar-te,
saber-te real, vívida, palpável,
como também o é o meu amor, que ingeres,
escondida, em tua mesa de silêncio.
Por que tardas,
se tanto sabes que preciso ver-te ? "
(Preciso ver-te de Solange Rech)
"Olha neste link com trilha musical ao fundo : http://www.encantosepaixoes.com.br/poesiaSR.htm "
bjs!
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