sábado, 22 de novembro de 2008





À minha grande amiga Natasha

Ao som de Chico


Ela entristece ao ouvir Chico Buarque, a música toma o gosto que lhe puseram à boca. Ela enobrece quando escuta Chico Buarque, a lembrança permeada de digitais que o corpo evidencia. Ela dança ao som de Chico Buarque e o samba, lhe foge a memória de passagens ardidas. Ela impõe sua voz em Chico Buarque ela é a própria mulher impressa na letra, ela esbraveja, por comiseração, pela coragem e pelo limite. Ela admira as mulheres de Chico, suas faces de batom borrado, seus vestidos esfarrapados e meia-calças desfiadas. Ela ama em Chico essa verdade que lhe põe o espelho adiante, essa sinceridade compartilhada do homem que calça o sapato de salto alto e vira o pé, que veste a saia e repuxa para não subir além do permitido, que veste o sutiã de aro e bojo para impor os seios. Ela entende de Chico Buarque e sua partitura mesmo não sabendo ler, porque ele a entende em todas as suas curvaturas. Ela fala de Chico com fascínio e a mesma paixão da mulher que se arrasta, arranha e agarra os cabelos de seu homem. Chico a faz sorrir, porque nem tamarindo é so azedo. Chico Buarque é personagem de sua monografia, agora é a vez dela se colocar no lugar do homem.

Rosemeri Sirnes

3 comentários:

Unknown disse...

Rose, obrigada pela tua existência! Sinceramente, não sei o que dizer. É muita emoção p/ uma pessoa só.
Luz, minha flor!

Dauri Batisti disse...

Bonita homenagem à amiga, mas me diga, sob que aspecto a monografia dela trata de Chico Buarque?
Beijo.

Anna Paula Ferrão disse...

Eu li todo o texto e quando acabei pensei "nossa, é a cara da Natasha Paula". Depois que vi que foi para ela que escreveu. Lindoo!

=)