Conversas no MSN com um amigo querido e inspirações de tarde da noite.
- Minhas palavras estão recolhidas, dessa vez elas estão me obedecendo.
- As minhas estão se acabando, se esfiando, puindo, se esfumaçando.
- Tenho vontade de lamber, de morder, será que isso pode ser outra coisa senão fome?
-As palavras saem. Palavras mal criadas. Se eu falasse tudo sem vírgulas nem mentiras, talvez eu tecesse um poema; se bem que eu escrevi alguns poemas meia boca com minhas mentiras consensuais.
- A realidade às vezes é chata, não combina com as letras.
- Como eu me sinto feliz sendo de verdade, como eu fui feliz ontem.
Poderia extrair vários trechos de conversa, poderia aqui dispor uma colcha de conversas inteiras, conversas pela metade, conversas de varar a madrugada, conversas de raiar o dia; isso é prova de que a inspiração está aí em cada disposição de palavra, na teimosia de pôr no papel, onde quer que seja, uma vírgula de pensamento daqueles de dentro do ônibus que martelam como se quisesse pregar o quadro na parede. Que se danem os jornais, as revistas semanais, nosso papel é esse aqui disposto, estamos fadados ao descaso, e isso nem é tão ruim.
Escreva quando der na telha, não escreva mais se isto for um fardo, escreva para mim, escreva para poucas pessoas tuas palavras raras, escreva amanhã teu testamento de coisa alguma, escreva nem sobre a lápide, escreva sequer o seu nome, escreva até o fim da vida, escreva por obrigação de ser tudo sujeito a aprovação, escreva até findar, até a lauda estipulada, escrever é o teu destino, é a tua maldição. Alimente o tédio das horas vagas, alimente o papel somando tuas tristezas passageiras.
Escreva nunca mais! Desenhe como fizeste no jardim de infância, pinte tuas cores, apresente a tua versão de corte e colagem. Escrever é muito preto e branco.
Escreva, desenhe, sente, suba, tome rumo, tome prumo, viaje, volte, fique, ame, deite, acorde, vá...tudo decisão, tudo corre, tudo esfiando, puindo, esfumaçando.
Rosemeri Sirnes
- As minhas estão se acabando, se esfiando, puindo, se esfumaçando.
- Tenho vontade de lamber, de morder, será que isso pode ser outra coisa senão fome?
-As palavras saem. Palavras mal criadas. Se eu falasse tudo sem vírgulas nem mentiras, talvez eu tecesse um poema; se bem que eu escrevi alguns poemas meia boca com minhas mentiras consensuais.
- A realidade às vezes é chata, não combina com as letras.
- Como eu me sinto feliz sendo de verdade, como eu fui feliz ontem.
Poderia extrair vários trechos de conversa, poderia aqui dispor uma colcha de conversas inteiras, conversas pela metade, conversas de varar a madrugada, conversas de raiar o dia; isso é prova de que a inspiração está aí em cada disposição de palavra, na teimosia de pôr no papel, onde quer que seja, uma vírgula de pensamento daqueles de dentro do ônibus que martelam como se quisesse pregar o quadro na parede. Que se danem os jornais, as revistas semanais, nosso papel é esse aqui disposto, estamos fadados ao descaso, e isso nem é tão ruim.
Escreva quando der na telha, não escreva mais se isto for um fardo, escreva para mim, escreva para poucas pessoas tuas palavras raras, escreva amanhã teu testamento de coisa alguma, escreva nem sobre a lápide, escreva sequer o seu nome, escreva até o fim da vida, escreva por obrigação de ser tudo sujeito a aprovação, escreva até findar, até a lauda estipulada, escrever é o teu destino, é a tua maldição. Alimente o tédio das horas vagas, alimente o papel somando tuas tristezas passageiras.
Escreva nunca mais! Desenhe como fizeste no jardim de infância, pinte tuas cores, apresente a tua versão de corte e colagem. Escrever é muito preto e branco.
Escreva, desenhe, sente, suba, tome rumo, tome prumo, viaje, volte, fique, ame, deite, acorde, vá...tudo decisão, tudo corre, tudo esfiando, puindo, esfumaçando.
Rosemeri Sirnes
2 comentários:
Oi amiga,
como é bom escrever, exorcisar pelas palavras,
sangrar escrevendo,
compreender os meandros luminosos da escrita é outra história,
mas te ler é um prazer incontestável, sempre!
bjs!
Como disse a senhora Lispector: "Eu escrevo para sobreviver."
Gostei muito do seu texto é encorajador, lemrei primeiramente de uma teoria lingüística, que mostra que a função primária da boca é comer, falamos de atrevido que somos, segundo recordei-me da insuficiência da palavra para descrever o pensamento, como escreveu Emily Dickinson: "A word is dead/ When it is said."
Parabéns!
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