sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Justificar

"Escrevi um pouco por ti, um pouco para não perder a mania, um pouco pela frequência. Escrevi por impulso, escrevi para que a minha palavra valha, escrevi para não esquecer, para não me contradizer. Escrevo pelo que sinto que é espontâneo e tudo ao mesmo tempo. Por mais que duvides, o meu amor é demasiado e é só esse."




Ah! Esse homem me resgatou. Ele me resgatou das memórias, desse tempo aqui contido, esse que eu capturei como colecionadora de borboletas, me resgatou de todos os homens que mal chegavam e já estavam de saída, me deixando os por quês. E hoje, quando a moça canta no fone de ouvido a canção triste, nada me inspira a mesma ação.

Esse homem me resgatou de mim, de presságios, pessimismos, das minhas manias de traçar sempre um fim. Quando eu já perdia o pulso, quando a minha pele já perdia a cor, ele mergulhou e levou-me nos braços.

Quando a falta de aquecimento me abria outras portas, ele me beijou. Ele me resgatou dos emaranhados, das dúvidas todas de saber o que é amor e quando. Eu nunca, nunca, nunca, me senti tão segura; nunca mais preocupações de fins de semana em companhia; aquele será que vem, será que não; nem mesmo mantra de ligações aflitas, nenhum pedido expedido, nenhuma insistência pra ficar; ele estava de fato, além do porta-retrato; foi então que eu entendi o que minha mãe disse certo dia: eu nunca havia amado até o momento em que ele me resgatou.

Rosemeri Sirnes

3 comentários:

Ester disse...

Que lindo amar este seu, colecionadora de borboletas!

Esse texto confessional me emocionou e me fez pensar.. pensar..

bjs,

Anônimo disse...

Eu tenho certeza absoluta que nunca fui amada com esse amor de resgate.
Normalmente sou eu que me despojo do amor sobrassalente. Não que sobra, mas que esbanja. Porque meu amor é igual borboleta que quer ganhar o céu...

Bjs!

Fernando Rocha disse...

Rosimeri: Tendo lido os seus textos, tenho percebido uma forte influência romântica na sua escrita, contudo, na temática, você não trata o amor de maneira idealizada, mas sim, demonstrando desejo de vivê-lo aqui no plano terrestre, o que acho muito melhor.
Dizem os estudiosos do estilo literário, que nem todo texto que brota da emoção, torna-se literatura, mas com este, você conseguiu, parabéns!