terça-feira, 11 de agosto de 2009


É verdade, não tem sentido

Tenho cometido pecados. As pessoas têm me feito cometer pecados e por vezes tenho a impressão de não ser só eu. Uma população vive em mim, embora eu esteja sempre sozinha. Vive em mim: o ser, o fingir, o preconceito e a postura, a classe social, a cultura, os valores e os bons modos. Calo-me para ser bem vinda e vivo como maçã podre, de casca vistosa e miolo decadente.
O que é a loucura, senão a insistência de que está tudo bem? Senão o fato sermos uma produção em série?
Onde estamos nós? Dando conta da vida um para o outro só para saber quem é o melhor.

O que vem abaixo é tudo parte do mesmo processo, é tudo o mesmo e outra coisa.

A vida é urgente. Acione a sirene.

Cortei os cabelos não para achar-me nova diante do espelho, e assim concluir enfim alguma mudança em tempo, mas para ser despenteada ao meu jeito, só para balançar a cabeça e estar pronta. Só para estar pronta.

Interrupção...

Quando a última porta se fechar não saberei mais o que perdi.
....

A vida é urgente. Cale a minha boca.

Eu sei que as minhas linhas não terão o sentido linear que tu buscas. Eu sei que apesar do meu esforço em fazer sentido, tudo terminará com você tentando definir se é a casca ou o ovo.

Nada vai convencer além de quem assina.

Rosemeri Sirnes

5 comentários:

lula eurico disse...

Perfeita!
Do título ao modo de dizer, à dicção do texto.
Mas, dói, estar consciente, né?
Em mim, doeu.

Abraço fra/terno

Fernando Rocha disse...

A vida de fato parece ser urgente, mas ás vezes a sirene parece estar quebrada e a possibilidade de pedir socorro é inexistente, nos trancamos em vaidade, passando uma maquiagem á base de vaidade na casaca, e seguimos, fingindo que está tudo bem!
Este texto me fez refeltir muito!

Natasha disse...

É impressionante essa urgência da vida.A 1ª maravilha do mundo e a coisa que mais foge ao senso.
E a vida, amiga? O que é? O que é?, diga lá minha irmã...
Bjs

Anna Paula Ferrão disse...

Rose, não sou letrada, não frequento os lugares daqueles que discutem o rumo da literatura (se é q eles discutem isso), não participo das conversas que dialogam sobre o novo livro do Chico, portanto, sou uma pessoa comum. E como pessoa comum, digo que suas palavras me emocionam mais do que qualquer livro de Clarice (a Natasha vai me matar!), mas sim, é verdade. A impressão que eu tenho todas as vezes que eu leio o que você escreve, é que você escreveu pra mim. Me identifico com seus textos. E isso pra mim é a maior qualidade que um escritor pode ter, fazer com que cada pessoa se sinta parte integrante do texto. Parabéns pelo blog, é inspirador.

=)

Beijos

Juliano disse...

Acabo de folear um quadrinho
da vida, subjetiva talvez,
de um determinado momento
ou situção de cada eu.
Confunde e faz refletir,
legal.

abraço