domingo, 1 de fevereiro de 2009


Lá por volta dos 10 anos de idade, antes ainda, por onde eu nem lembro mais, eu, estimulada por papai, lia gibis; influenciada pelo meu irmão um ano mais velho. Desde aquela época eu era meio fã do meu irmão, peguei inclusive doenças como catapora e sarampo por esse mania de não desgrudar, mas nunca admiti a admiração. Meu irmão sempre me protegeu de uma maneira cáustica, ele mal falava os meus relacionamentos; como mãe, ele enxergava além dos meus olhos apaixonados e ao fim eu sempre dava o braço a torcer. Ele magoava para me preservar; a verdade doa a quem doer, essa era a filosofia. Meu irmão nunca me elogiou assim na cara, sempre parafrasiou, sempre foi uma relação de silêncio, apesar do muito amor de irmãos que é inegável, apesar das brigas, desentendimentos e discordâncias. Outro dia ao me visitar ele disse que convivemos melhor em casas separadas, eu levantei coro; é verdade, antes disso nós nem nos beijávamos, parecia coisa estranha entre irmãos, éramos quase inimigos disputando a mesma terra.

Há entre nós agora um acordo permanente de paz.

Mas eu comecei querendo falar sobre a tirinha que captou o meu olhar nesta tarde de domingo e que nada tem a ver com essa historinha toda, mas é só porque me fez lembrar a infância, e é impossível uma coisa não vir com a outra.

Lembro bem que adorava as histórias do aposentado Urbano, que se eu não me engano, é publicada até hoje pelo jornal O Globo. Ultimamente não tenho mais paciência para esta página do jornal, e não sei até onde isso é um defeito, mas nem importa. Se bem que hoje, não sei porque cargas d'agua, li uma tirinha da série Vereda Tropical do cartunista Nani e adorei.

Transcrevo abaixo:

A Reforma ortográfica

- Doutor, estou com enjôo.

-Tome este remédio até o circunflexo sumir.


Moral 1: Assim como dizem dos homens, irmãos só mudam de endereço.

Moral 2: É preciso um olhar infantil para se redescobrir o encanto das coisas.


3 comentários:

Ester disse...

"É preciso um olhar infantil para se redescobrir o encanto das coisas."

que doce essa frase..

e todas as outras que vc uniu nesse texto!

Entendo bem essa história de irmãos, penso que todo relacionamento, seja ele de irmãos, amigos ou amantes deve haver um pouco de privacidade e partilhar o que chamo de 'distanciamento solidário',isso é bastante difícil mas preserva o respeito..


bjs!.~

Fernando Rocha disse...

Concordo com o que escreveu a Esther sobre o "distanciamento solidário".
Sempre quis ter um irmão mais velho para me influenciar, mas o destino quis que eu fosse este.

Ester disse...

Olá amiga querida!!


Passando de novo para deixar um abraço e um pensamento:


" Antes de encontrar o caminho da página, uma palavra tem primeiro de fazer parte do corpo, tem de ser uma presença física com quem se vive tal e qual como se vive com o coração..." (Paul Auster)

Boa semana!