Yin Yang
Eu: A quem devo a mudança? A quem devo cobrar o passo definitivo? Partir é uma decisão sem pernas. Não me peças para dizer se é certo ou errado pular de um precipício, não perguntes a mim se queres alguma coerência. Eu não faço sentido, minhas frases não se completam e eu não sei onde foi parar a minha sensatez. A quem devo dizer o que basta? Se canso de repetir a mim e não funciona. Quero a vida imperfeita, cheia de atravessados. Nada pode ser certo e morno e garantido. Preciso de aversão e rebeldia.
Eu mesma: Você tem as respostas para as perguntas não feitas, para as questões abafadas no peito para evitar discussões calorosas, você tenta convencer-se de que não te furtas nesse melindre de amar quem você desconfia o mesmo sentimento.
Como te enganas! Como escureces a vista embaixo do lençol em que deitas em companhia. Aflige-me a resposta disposta, engasgada, presa, dando um nó grosseiro na garganta. Ah! Quem teria a resposta exata, certeira, se a vida não é feita de fórmulas matemáticas? Quem dirá quando te enganas e quando adormeces diante da certeza cintilante de um amor distraído?
Não te direis nenhum conselho, é bem capaz que me julgues. Sei bem como corações apaixonados reagem diante da contrariedade.
Rosemeri Sirnes