segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009




Portela, eu nunca vi coisa mais bela quando ela pisa a passarela e vai entrando na avenida...”


Um mar de gente por todos os cantos e especulações de dissidências de blocos para evitar tumulto, tudo controverso, tudo uma forma de manter a coisa segura, tranquila e familiar, tudo uma forma de manter a diversão e não transformá-la em confusão, em transtorno.
Não estou aqui para discutir questões de ordem política, segurança, limpeza e outras faltas, mas que a organização do carnaval de rua precisa ser revista é fato.
É verdade que o carnaval que me atrai é aquele do samba enredo, da escola de samba, do samba no pé, do sambódromo, onde eu me acabo do início até findar na manhã de terça-feira, mas como esse ano não foi possível minha passagem pela passarela do samba, curti os blocos de rua com alguma moderação, vesti meus apetrechos e parti pra rua cheia de coragem.
Aproveito os próximos dias para descansar, afinal ninguém é de ferro.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


CARTA ABERTA


Queria te escrever mesmo vazia de motivos.

Outro dia li um artigo em que o jornalista falava sobre cartas manuscritas e terminava com a pergunta “quem ainda escreve cartas?”, a minha vontade era respondê-la dizendo que as minhas continuam na gaveta por falta de endereço, mas isso já nem me pega.

O silêncio eu entendo do meu jeito e ninguém tem nada a ver com isso.

Nenhum medo à vista como a terra diante de olhares navegantes, só fico entre a indecisão e a certeza; coisas que gostaria de dizer e calo. Você agora distante, você em outras ruas sem risco de cruzar comigo e eu querendo voar para ter teu paradeiro.

Vou escrever cartas abertas, sem selo, sem cola na aba, sem remetente e sem direção.

Queria te escrever, não neste momento de privação dos sentidos, queria escrever com sensibilidade à flor da pele.

Queria te escrever só para ter a impressão de seus olhos sobre cada palavra, só para ter teu silêncio em cada resposta.

Eu imagino o medo, a insegurança, eu me arrisco pensando mil coisas e agindo por impulso em tudo o que me atrai o paladar, mas não sou nenhuma suicida e isso já me salva da perdição.

E como diz a música do Tim Maia “o que eu quero é sossego...”.

Sou uma menina, uma mulher talvez, beirando um mês para os seus 27 anos, que tem ao menos uma certeza, que quer ficar com você.


Rosemeri Sirnes


domingo, 15 de fevereiro de 2009


Foto: António José Calado de Sousa


ALÉM DO CORDÃO UMBILICAL

Mamãe ainda guarda coisas que só acredito vendo, como por exemplo, os sapatinhos de croché que já nem servem para posteridade de tão amarelados. Mamãe guarda o pedaço que nos uniu durante toda a gestação e algumas supertições dos antigos. Vez em quando ela me serve um desses chás de não sei o quê e aplica compressas de misturas loucas nas minhas contusões, mal sabe ela o poder de sua fé.

Costumo dizer que ela me dá freios, nas decisões que pretendo tomar, ela é meu comprimido para as ansiedades, ela me ensina que nada nessa vida cai do céu e eu acredito quando ela diz que o que é meu está guardado, eu acredito nela por essa fé que ela põe na minha vida desde o nascimento, desde quando a minha vida prematura mostrava que eu não ía vingar.



Rosemeri Sirnes

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009


Ultimamente tem me rondado uma intolerância, nada que me faça proferir palavrões, nem agredir o homem que fuma em local fechado contrariando a lei de proibição, nem discutir sobre a falta de bom senso, nem perguntar a moça do lado porque ela já reclama a essa hora da manhã. Respiro fundo, agradeço a Deus pela invenção do fone de ouvido, pouso a face na janela e sinto o ar soprar como se me pedisse para ter calma.

Ando meio fadada... fumaça, lixo atirado pela janela, falta de educação, arrogância, violência gratuita(violência é sempre gratuita). Paraíso está bem longe do lado de fora da casa.

O mundo individualista, o mundo casca de ovo, o mundo dentro de casa, é o mundo egoísta no meio da rua e na calçada.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009


A gente queria mesmo era ter carteira de motorista e um carro na garagem, um carro popular, um carro qualquer que nos levasse cedo ou tarde ao lugar que pretendemos.

A gente queria não ter paradeiro e ao mesmo tempo queríamos vida estabilizada, filhos e um casamento perfeito.

Compartilhamos anseios em conversas de comadres.

Eu queria vida cigana e queria estacionar o carro bem em frente ao seu pŕedio e te levar a beira mar pra ver a onda bater nas pedras; pra que isso nos trouxesse um quê de paraíso.

Queria contar as pedras no caminho sem que me valesse os pés, queria subir os degraus, chegar a tua janela e encontrá-la aberta como nos clássicos.

Queria as 22h cismar e interrromper e desafiar a tua previsibilidade, esse seu jeito de gavetas arrumadas, de ter um lugar reservado para as meias.

Queria te dizer tudo o que penso e sinto, mas nunca estás disposto ao mesmo. Eu me calo em comunhão com teu silêncio. Depois você diz, dando margens as minhas interpretações, não opta pelo sim, nem pelo não, deixa um qualquer de sombra de dúvida pelo caminho e some.

Queria abrir minhas portas e janelas, deixar entrar, sentar no sofá e movimentar meu sossego.

Queria tê-lo sob verdadeira alegação.

Vou premitir que o vento entre pela brecha, vou começar a me acostumar. Vou permitir que você me desprenda da pele, feito pássaro solto da gaiola, feito folha que longe do galho segue o próprio caminho.


Rosemeri Sirnes

sábado, 7 de fevereiro de 2009


Faz tempo que não faço coração no vapor, no box blindex, no espelho; faz tempo que abandonei as tranças do cabelo e o laço de fita, faz tempo que não molho miolo de pão no café, nem como banana com Nescau.

Faz tempo que eu mesma amarro os meus sapatos e pago as contas, faz tempo que as chaves da casa me foram confiadas e desde então posso chegar de madrugada. Faz tempo que cruzei outras ruas, fui além do quarteirão.

Faz tempo o meu primeiro beijo, aquele desacordo de línguas, faz tempo que aquilo era só um beijo, uma forma de não ficar pra trás.

Faz tempo que tudo era coisa nenhuma.

Foi-se o tempo em que era só brincadeira, sem querer, em que eu faria tudo o que seu mestre mandar, e em alguns passos eu alcançaria. O caminho era curto em passos de formiga e elefante, eu logo chegaria.

Faz tempo que a fantasia acabou, o palhaço desfez a maquiagem e o mágico abandonou seus truques. O circo desmontou a lona e seguiu viagem.

Ainda danço sem me preocupar com olhares alheios, ainda abro um sorriso grande de quem sente cócegas, ainda penso que nem tudo está perdido.


Rosemeri Sirnes

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


Fica tão mais lindo assim sem tradução, fica tudo o que eu queria te dizer sem que houvesse intervenção, nem dúvida, sem olhar de reprise, sem que precise anteceder meus realmentes. Peço que mesmo que não entenda ao pé da letra, deixe assim, porque é até aí o que eu digo, estou ao lado da tua compreensão.


“Look at the stars,
Look how they shine for you,
And everything you do,
Yeah, they were all yellow.”


A melodia em voz doce soprada no ouvido como se dissesse eu te amo.




quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009


Adorei a composição dessa fotografia, apesar de não segurar, deixar cair.

"Quando o motivo desvia não há qualquer sopro de aperto, nem água salgada encostando no dedo dos pés e os olhos inchados são apenas sinais de quem acabou de acordar."

Rosemeri Sirnes



Foto: Nuno Lopes




quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009



É chegado o dia. Depois de várias capitais Alanis Morissette aporta hoje no Rio, mas precisamente no HSBC Arena, na Barra da Tijuca.

Fiquei a semana passada inteira tentando me convencer de que dinheiro não cai do céu, nem cresce em árvore. Todo argumento foi falho, usei a lógica, fui consultar o saldo bancário e a falta de dezenas me fez concluir o óbvio, que mesmo a meia entrada era um absurdo.

Ainda ontem os meios de comunicação anunciavam que ainda restavam ingressos e eu fazia minhas últimas tentativas, todas em vão; certamente, se elas tivessem sido bem sucedidas eu não estaria aqui, nem esse post; no lugar deste estaria uma descrição exata da emoção que eu sei, ainda será possível sentir, durante a música Not the doctor.

Já estou me vendo amanhã como a adolescente que ainda sou, assistindo no Youtube tudo o que perdi.

Não tem jeito, adoro Alanis, apesar de todos a minha volta dizerem não. Gosto de seus gritos, da forma como ela atira as palavras.

Gosto quando ela corre de um lado a outro do palco, quando balança incessantemente a cabeça parecendo uma mulher louca, que ao invés de reservar, extravasa.

Às vezes eu nem quero sentir, tom de voz, melodia, às vezes eu nem quero entender essa língua estrangeira, mas aí ela diz I want to be big and let go of this grudge that's grown old; e eu estou ali.




terça-feira, 3 de fevereiro de 2009




A vocês meus queridos,

Passei aqui pra deixar esse recadinho:
"Se você acordar
e estiver
sendo carregado
por um monte de
formiguinhas...

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Bem Feito!
Quem manda você ser
esse DOCE de PESSOA...!!!”



domingo, 1 de fevereiro de 2009


Lá por volta dos 10 anos de idade, antes ainda, por onde eu nem lembro mais, eu, estimulada por papai, lia gibis; influenciada pelo meu irmão um ano mais velho. Desde aquela época eu era meio fã do meu irmão, peguei inclusive doenças como catapora e sarampo por esse mania de não desgrudar, mas nunca admiti a admiração. Meu irmão sempre me protegeu de uma maneira cáustica, ele mal falava os meus relacionamentos; como mãe, ele enxergava além dos meus olhos apaixonados e ao fim eu sempre dava o braço a torcer. Ele magoava para me preservar; a verdade doa a quem doer, essa era a filosofia. Meu irmão nunca me elogiou assim na cara, sempre parafrasiou, sempre foi uma relação de silêncio, apesar do muito amor de irmãos que é inegável, apesar das brigas, desentendimentos e discordâncias. Outro dia ao me visitar ele disse que convivemos melhor em casas separadas, eu levantei coro; é verdade, antes disso nós nem nos beijávamos, parecia coisa estranha entre irmãos, éramos quase inimigos disputando a mesma terra.

Há entre nós agora um acordo permanente de paz.

Mas eu comecei querendo falar sobre a tirinha que captou o meu olhar nesta tarde de domingo e que nada tem a ver com essa historinha toda, mas é só porque me fez lembrar a infância, e é impossível uma coisa não vir com a outra.

Lembro bem que adorava as histórias do aposentado Urbano, que se eu não me engano, é publicada até hoje pelo jornal O Globo. Ultimamente não tenho mais paciência para esta página do jornal, e não sei até onde isso é um defeito, mas nem importa. Se bem que hoje, não sei porque cargas d'agua, li uma tirinha da série Vereda Tropical do cartunista Nani e adorei.

Transcrevo abaixo:

A Reforma ortográfica

- Doutor, estou com enjôo.

-Tome este remédio até o circunflexo sumir.


Moral 1: Assim como dizem dos homens, irmãos só mudam de endereço.

Moral 2: É preciso um olhar infantil para se redescobrir o encanto das coisas.