sábado, 10 de outubro de 2009



ESCANDALOSA DOR



“Só eu sei a medida da dor que sinto, só eu saberei o limite, so-mente. A hora exata de dizer basta. Só eu sei a medida de dor que suporto, e ainda que não acredites, eu sei dizer não.”




Chorei à vácuo, um choro silencioso, escandalosa dor.

Dores se confundem, cada qual com seu argumento a favor. Tudo o que eu queria agora era dormir, a minha eternidade deitada em lençóis de seda azul. Tudo o que eu queria agora era ser feliz pra sempre, mas é luxuoso demais sonhar.

Não sei, realmente não sei dizer se esta é maior que as outras, não quero colocá-la em pé de igualdade, nem inferiorizá-la como se a dor do mundo importasse no meu apartamento de dois quartos.

Se as minhas veias estivessem secas e eu me visse ali pálida, talvez eu temesse a morte e desejasse ter dias como esses daqui, talvez seja coisa de consumismo querer aquilo que não se tem.

Chorei a dor acumulada, das vozes que não se calam, das vidas tristes que encontram abrigo em mim, dos princípios de felicidade que não alinham, dos sorrisos de quem se contenta com pouco, da dor de me ver em cada rosto solitário da cidade.

A boca está seca, a respiração ofegante, falta ar neste vazio, falta.

Chorei como se chora de felicidade e solucei como se não houvesse escapatória. Eu escrevia e não entendia as vias que se abriam pra água escorrer. Por ter onde desaguar é que eu descanso, por encontrar como dizer é que deito e sonho mais longe ainda.


Rosemeri Sirnes

2 comentários:

Dauri Batisti disse...

Ser feliz: que projeto bonito! Apesar de... somos chamados a relizar tal projeto. No sufoco, no cansaço, na luta, lá vamos nós.


Um beijo.

Fernando Rocha disse...

Bom projeto, mas díficil de realizar (mas não impossível), vá em frente1