quarta-feira, 9 de dezembro de 2009





OLHOS VENDADOS

Tens os olhos vendados e ainda que a luz apague, ela sempre se acenderá no seu corpo. Essa foi a maneira que a minha mãe achou de me explicar sobre as cores que não vejo, sobre o pôr do sol que não serei capaz de tocar.
Não despertei para a vida diante dos olhos, nem sei que cor tem os olhos, como não sabia que deles variavam cores.
Da maçã, melancia, manga, só sei sabores, e delas apuro comparações de sentir, como a pele enrugada do vovô.
Tenho olhos vendados e os sentidos expostos para uma visão surrealista, embora eu nem saiba o que de olhar isso significa.
Tenho olhos vendados e ouvidos captando algum perigo.
Tenho olhos vendados e o sabor na ponta da língua, na pele dos lábios.
Tenho olhos vendados que eu mesma descortino.
Tenho olhos vendados, atalhos e uma luz que se acende em mim desde criança.


Rosemeri Sirnes

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