sexta-feira, 5 de março de 2010




ALMA IRMÃ


"Silêncio pro bem sossegar, silêncio para o bem ficar um tempinho mais sossegado"

Passeando esbarrei em árvores e caíram coisas sobre a minha cabeça, sabe quando a amendoeira não suporta, quando distraído você passa e de repente com toda força o fruto cai? Coisa boa. De acordo com as previsões, todo azar tem por trás um tempo bom.
Caio Fernando Abreu diz aquilo que eu queria, mas não tenho jeito. Ele é uma veia em erupção. Sou eu quando me vejo assim barranco abaixo, dói, mas não dói, só um "galo" na cabeça e tem cura.
Você passeou em mim. Na verdade, você estava na calçada do meu pensamento e eu como sou uma matraca não parava um só momento de gesticular e dizer coisas do tipo “você precisa se mexer” “vamos dar uma volta, vamos nos divertir”. Você me devolvia aquela sua cara toda própria que diz sem dizer “dá um tempo, me deixa”.
Objetos imóveis, deserto quarto escuro, o som do silêncio zune, porque o silêncio faz barulho, você sabia? É gato que atravessa o quintal e revira a lata do lixo; faz ligar o ventilador, só pra ter o barulho da hélice como canção de ninar. É por isso que falo por você e por mim, é por isso que eu interrompo o marasmo de escritório no meio do expediente para dançar e cismo e insisto em te levar comigo pra gente ser feliz.

Coisas loucas me passam pela cabeça, do tipo fazer apresentações ao ar livre, correr descalça atrás de borboletas, fazer serenatas; eu só posso cantar desse modo, tenho um coração que me escapole feito balão de gás. Outro dia realizei um dos meus sonhos, nenhum grande sonho de ganhar milhões, carro do ano, casa na praia. Dancei, dançamos, ele topou, ele entrou na minha(significa que ele não teve medo de parecer ridículo) e eu tinha certeza de que com ele poderia realizar todas as minhas coisas loucas sem precisar de internação. O que vem depois é outra história de mãos que se foram sem dizer adeus.

Mas o que eu queria mesmo dizer? Talvez você sinta, talvez você não entenda, talvez eu dê sorte. Eu queria te dizer que quando me passa à vista alguma beleza, algum fruto caído do pé ainda maduro, alguma palavra dada, entregue, da alma, penso em te oferecer a parte que ainda não foi magoada, a parte que embora sem dente, sorridente quer dar-te o melhor.

P.S.: Abstrato a gente se encontra, se entende e se gosta. Abstrato a gente nem faz sentido. Abstrato a gente nem sabe os perigos, confia e deixa entrar.


Rosemeri Sirnes

2 comentários:

mariajoão disse...

Eu adorei o teu blog!

meus instantes e momentos disse...

ótimo texto..Parabens pelo blog, muito bom.
Maurizio
* o sorriso tb...rs