terça-feira, 4 de agosto de 2009


COISA DE PELE
Arte: Peter Blake

“Sinto a falta dele. Hoje ainda mais. E sei que ele sente a minha, ainda que seja a mesma falta que o animal sente em ter o alimento entre as presas.”

Sei o que é está na pele, aquela que arranca com os dentes e abre ferida sangrando sem cessar até que contida.
Sei o que é está na pele do joelho que rala e ultrapassa as camadas e arde mesmo diante da cura.
Sei o que é está na pele quando a bolha estoura e a queimadura mostra a sua continuidade.
Sei o que é está na pele quando o corte me faz ver suas metades.
Sei o que é está na pele enquanto cura e ainda sem casca leva uma outra topada.
Sei o que é está na pele quando mesmo sem dor, ela descasca e murcha e percebo que antes não era assim.
Sei o que é está na sua pele porque das dores sei de cor.
Mas também sei o que é está na pele quando regenera.
Sei o que é está na pele quando dizem que ela está boa e todos especulam que há uma razão especial para isso.
Sei o que está na pele quando o pêlo arrepia e eu não encontro outra forma de dizer.
Sei do prazer antes da dor, quando todas as feridas e pequenas marcas são reduzidas a nada.
Rosemeri Sirnes

Um comentário:

Fernando Rocha disse...

Denso, este texto, ou como diria o Cazuza: "Exagerado..."
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