quarta-feira, 9 de setembro de 2009


O QUE EU NÃO SEI

Fui parar em 2006 pra te encontrar, pra saber um pouco mais. Tenho a impressão de que perdi alguma coisa toda vez que você diz e eu não entendo. Tua lista de recomendações e o sopro de verdade que a tua condição e idade trouxeram, vim buscar algum caminho pro meu discurso. Nada aqui se parece comigo e talvez nem tenha mesmo que parecer com nada do que eu já tenha visto, e por isso cause em mim essa sensação de estranheza, como se eu estivesse subindo pelo elevador de serviço. Você fala outras línguas em frases cheias de apóstrofos, Le, dit e eu penso em algo para colocar-te junto a mim em pé de igualdade. Eu nunca sei que título dar às coisas que escrevo, você escreve qualquer coisa com aspas e dois pontos e é tudo fabuloso.
A minha pós em Literatura vai de vento em popa, chego em cima da hora todos os dias por conta do trabalho que quase me prende por causa de suas urgências de última hora, e embora tudo reme contra, eu sempre chego a tempo de costurar o meu retalho. Você sabe que lugar em que se reunem muitos egos tem sempre um pessoalzinho que volta e meia distrai o assunto e fala em uns tais que provam, que esclarecem, que defendem e eu penso que merda de faculdade é essa que eu fiz. Uma vez eu abri a boca para fechar pra sempre, palavras em formas de pedra seguiram na minha direção, quase pedi desculpas por interromper aquela guerra de vaidades. Agora eu faço cara de paisagem e levo em frente o meu projeto. Qualquer dia desses ergo um prédio, você vai ver.
Tenho que ir mais longe, talvez eu pare no século XVIII, talvez eu avance um pouco mais.
Rosemeri Sirnes


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