segunda-feira, 10 de maio de 2010




A gente fica querendo voltar, mas a vida segue em frente...


Não mexo no passado. Falando nisso, tem mil hiperbólicos papéis dos quais tenho que me livrar. As cartas não, essas eu guardo como testemunho do tempo. Sei que excedi a cota da semana, mas eu não paro, minha cabeça é uma constante, às vezes me cansa essa velocidade, então desloco o corpo da cabeça e vou pra rua.

Tento terminar de ler um livro, as pessoas se assustam quando digo que levo meses para ler um único título. Voo longe, sou dispersa; leio a primeira página, penso nele; leio três linhas, volto uma, penso no que eu tenho que fazer amanhã; leio dez linhas, volto três, penso no peso da idade, nos planos desfeitos, volto a página inteira; volto outro dia, perdida.

Escuto Gymnopedie nº 1. Eu queria te dizer o que sinto, eu queria escrever, queria me transplantar para essas linhas; volto três vezes, volto querendo ficar de vez, querendo tocar as nuvens que agora enxergo, eu queria sentir meus pés sobre elas mais uma vez. São tantos sons que eu não consigo distinguir cada instrumento, mas é a sinfonia que eu escolhi aleatoriamente pra voltar tantas vezes e me sentir melhor.

Eu choraria agora se estivesse sozinha. Repeat. Danço valsa com vestido longo, faço um número solitária; minha mãe sempre disse que sou melhor sozinha. Você precisa ver minha performance, eu nunca estive tão absoluta e tão apaixonada.

Ponho os pés nas nuvens. Sinto-me em casa outra vez.


Rosemeri Sirnes

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