sábado, 12 de junho de 2010

Santo Sangue


Corre o tempo e o último fio de sangue
O primeiro que recebo em minhas veias
Corre ligeiro e irriga a parte de mim que coagula.

Não só de água filtrada sobrevive um corpo
O sangue é a minha sentença de morte
É a minha extensão de vida em bolsas.

Pessoas percorrem minhas artérias
Vidas presentes, sem reencarnação.
Salvam-me e nem por isso as santificam
Quantos milagres mais serão necessários?

Nasci como um grande acidente
Mamãe recebeu-me como benção
Desde então tenho a vida a correr de mim
Aproximo-me com todo cuidado
Para não me ferir.

Um corte mostra-me a face da morte
O sangue é minha condição, minha sobrevida.
Sigo feito criança a atravessar ruas
Olhos atentos para ambos os lados
A vida aqui parece que só se multiplica em linhas.

Rosemeri Sirnes

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